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4. Cultura, classe e política em Santa Catarina no período republicano

Local: Universidade Regional de Blumenau, Bloco S, sala S-214

Data: 06/05/2016, 13h30

Propõe-se enquanto objetivo deste Simpósio Temático a promoção de um espaço para que sejam discutidas as distintas peculiaridades, dinâmicas e conflitos da sociedade catarinense mediante estudos multidisciplinares que privilegiem os temas cultura, classe e política desde a proclamação da República, passando pelo liberalismo oligárquico da Primeira República, pelo período varguista, da experiência democrática de 1945-1964, do golpe de 1964 e sua ditadura subsequente, à Nova República e as implicações do neoliberalismonos dias atuais. O enfoque regional possibilita operacionalizar conceitos e metodologias a partir de uma escala reduzida e um conjunto de relações sociais delimitadas, bem como de referentes culturais, econômicos e políticos que se entrelaçam em uma rede de sociabilidades com características próprias. Sob este prisma, o Simpósio Temático Cultura, classe e política em Santa Catarina no período republicanopossui o fito de problematizar a formação e a atuação dos comportamentos culturais e políticos das distintas classes sociais e/ou de seus representantes(indivíduos ou grupos) em Santa Catarina durante o período republicano a partir dos pressupostos teóricos e metodológicos da História Social e da História Política. Desta forma, ao escopo deste simpósio interessam estudos que abordem as seguintes temáticas: movimentos sociais; culturas de classe; culturas políticas; imaginários sociais; ideologias; mídia e meios de comunicação; partidos políticos; debates teóricos e conceituais que sejam condizentes com os temas e tópicos propostos neste Simpósio.

 

Proponente(s):Me. Fabiano Garcia (UFSC)

Mestrando Ricardo Duwe (UDESC)

 

Currículo:

Me. Fabiano Garcia (UFSC) - Bacharel e licenciado em História pela Universidade Federal de Santa Catarina, mestre em História, com concentração em História cultural pela mesma universidade, atualmente é doutorando em História pelo PPGH/UFSC.Bolsista CAPES entre 2014/2016, é membro da linha de pesquisa Sociedade, Política e Cultura no Mundo Contemporâneo. Tem interesse e experiência na área de História Contemporânea e Brasil republicano, com foco em história social, urbanização, cultura popular, direito à cidade e democracia.

 

Ricardo Duwe (UDESC) - Bacharel e licenciado em História pela Universidade Federal de Santa Catarina, atualmente é mestrando do curso de Pós-Graduação em História da Universidade do Estado de Santa Catarina, com concentração em História do Tempo Presente. É bolsista CAPES desde o ano de 2014 e possuí interesse e experiência na área de História Contemporânea e Brasil republicano, com ênfase em história política, culturas políticas, partidos políticos e ditadura militar.

Programação

1. Zuleide Maria Matulle

REPRESSÃO E CONFLITOS: ALEMÃES E NACIONAIS NO PERÍODO DO ESTADO NOVO EM UNIÃO DA VITÓRIA (PR) E PORTO UNIÃO (SC)

Resumo:

A pesquisa que buscamos socializar tem como objetivo investigar os conflitos entre imigrantes alemães e a população nacional em União da Vitória e Porto União, cidades limítrofes entre Paraná e Santa Catarina, tendo como recorte temporal o Estado Novo, mais especificamente o período da Segunda Guerra Mundial. Nesse período verificamos, grosso modo, uma série de restrições às atividades comuns de imigrantes como foi o caso dos alemães, entendidos como inimigos étnicos a partir de 1937, com a campanha de nacionalização, e inimigos militares a partir de 1942, quando houve a tomada de posição do Brasil em relação à Guerra, tencionando a vida das pessoas. Os alemães, por exemplo, foram colocados sob suspeita, muitos foram presos pela polícia política, tornaram-se aos olhos do Estado e da população suspeitos de nazismo, de serem espiões e colaboradores do Eixo, etc. Utilizamos como fonte os documentos do Arquivo da Delegacia de Ordem Política e Social do Paraná, referente ao primeiro governo de Getulio Vargas. Trata-se de documentos da delegacia de União da Vitória, relatórios, pastas e fichas individuais de alemães e descendentes radicados e em transito pela região. Utilizar-se-á também exemplares do jornal O Comércio, de 1937 a 1945, fundado em de Porto União em 1931. O propósito é entender como os discursos produzidos e publicados pelo jornal O Comércio e os documentos da DOPS revelam as tensões entre imigrantes alemães\descendentes e nacionais nas cidades de União da Vitória (PR) e Porto União (SC) no contexto da repressão do Estado Novo? Importante destacar que essas cidades possuem um número significativo de descendentes de alemães, e talvez, produzindo um trabalho dessa natureza, possamos encontrar algumas explicações para as tensões vividas entre os sujeitos e as contradições desse período. Ela poderá contribuir com os debates sobre o nacionalismo, os desdobramentos locais da política do Estado Novo, preenchendo uma lacuna historiográfica sobre o tema na região, bem como a redefinição do que significou a presença do nazismo no interior do Paraná e no planalto norte de Santa Catarina. 

Palavras Chaves: Conflito, Alemães, Nacionais.

 

2. Ricardo Duwe

AS ELEIÇÕES DE 1974 EM SANTA CATARINA: UMA ANÁLISE HISTÓRICA

Resumo:

Por meio de um enfoque regional, este trabalho busca promover uma análise histórica das eleições de 1974 em Santa Catarina. Neste pleito o MDB obteve uma suntuosa vitória a nível nacional contra a ARENA; elegendo 16 das 22 cadeiras para o Senado e duplicando a sua representação na Câmara Federal. Assim, buscamos desenvolver uma reflexão a respeito das particularidades deste pleito a nível regional com o fito de pensarmos nos múltiplos significados do mesmo para distintas regiões do país. Por meio do cruzamento de fontes oriundas da imprensa regional, do Serviço Nacional de Informação (SNI), do Acervo do Diretório Nacional da ARENA e estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), buscamos realizar a nossa análise a partir de dois enfoques temporais distintos: um de curta duração (privilegiando as expectativas de distintos setores em relação ao pleito, a campanha eleitoral dos partidos e uma análise dos resultados) e outro de longa duração (propondo confrontar os resultados desta eleição em Santa Catarina com o de outros pleitos anteriores, para assim refletirmos a respeito de suas possíveis particularidades históricas na política catarinense). 

Palavras Chaves: Eleições, Ditadura Militar, Bipartidarismo.

 

3. Luciana Mendes dos Santos

A RELAÇÃO ENTRE ESTADO, POLÍTICA E CULTURA ATRAVÉS DAS PÁGINAS DO JORNAL “CULTURA” DE SANTA CATARINA.

Resumo:

O jornal Cultura foi um projeto realizado pela Secretaria do Estado da Cultura e do Esporte e pela Fundação Catarinense de Cultura (FCC),com apenas quatro volumes publicados durante os anos de 1988 e 1991. Era um jornal institucional que tinha como objetivo estabelecer um espaço de debate dos agentes culturais do estado de Santa Catarina e um meio de divulgação das ações culturais desenvolvidas no estado, principalmente aquelas desenvolvidas pelo Estado, e das manifestações culturais e as produções feitas por artistas de Santa Catarina. Apesar do número reduzido de publicações, encontramos em suas páginas as disputas que envolviam a área da cultura no campo político, demonstrando as vertentes existentes e a fragilidade nos processos de construção de políticas para o setor no período, bem como as diretrizes das ações promovidas pela Secretaria de Cultura e do Esporte, e pelas instituições da FCC. Para este artigo, realizarei uma análise das culturas políticas envolvidas no setor cultural, bem como do impresso como espaço público de construção de projetos para a cultura. Como base teórica, utilizarei autores como Sá Motta (2013), Gertz (2006) e Habermas (2014).

Palavras Chaves: Cultura, imprensa oficial, espaço público.

 

4. Fabiano Garcia; Scheyla Tizatto

O ANTICOMUNISMO COMO ARMA DE DESQUALIFICAÇÃO POLÍTICA: OS PROJETOS POPULARES EM LAGES/SC NA MIRA DA DIREITA CATARINENSE NO APÓS-GUERRA E NA DITADURA MILITAR

Resumo:

O anticomunismo, apesar de estar presente no vocabulário político brasileiro desde o século XIX, como um fenômeno político, ideológico e parte do imaginário social brasileiro possui uma vinculação estreita com o cenário político dos anos 1930, porque foi fundamentalmente ligado às diatribes políticas presentes naquele contexto, as quais lhe deram bastante visibilidade. Somado ao repertório de críticas ao “populismo”, o anticomunismo foi constantemente utilizado pelos segmentos da direita brasileira em seus discursos administrativos e publicações na imprensa para desqualificar setores progressistas e de esquerda, principalmente no após-guerra, ou seja, a partir de 1945 e no contexto da guerra fria. Este trabalho tem como objetivo analisar e discutir dois casos decorridos em Lages, munícipio de Santa Catarina que envolveram o fenômeno anticomunista e que apesar de terem ocorrido em contextos distintos (um na década de 1950 e outro no final dos anos 1970) apresentam semelhanças que nos permite refletir a temporalidade deste fenômeno e pensar seu papel na cultura política brasileira, seu enraizamento, duração e sua instrumentalização para desqualificar ações efetivas do Estado que se empenharam no sentido de atender demandas sociais na área habitacional e outros setores como saúde e educação. É sugestivo que a retórica anticomunista foi direcionada indistintamente às ações administrativas do município, independente da existência de vínculos concretos dos agentes públicos com grupos efetivamente ligados a partidos ou pessoas declaradamente adeptas do comunismo. Portanto, o anticomunismo se configurou como elemento importante do repertório da direita e de outros setores conservadores da sociedade brasileira, os quais através dos alertas da ameaça externa e da criação do inimigo interno se empenharam para a manutenção de seus interesses.

Palavras Chaves: Anticomunismo, Cultura política, Lages/SC.

 

5. Joelson Lopes Maciel

IMPRENSA E POLÍTICA NO PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DA REPÚBLICA: DESDOBRAMENTOS EM JOINVILLE (1889-1893)

Resumo:

A presente comunicação apresenta os resultados de pesquisa desenvolvida com o objetivo identificar personagens, ideologias e mecanismos de conflito entre os partidos políticos atuantes na cidade de Joinville, norte do estado de Santa Catarina, no início da República (são estes o Partido Republicano Catarinense e o Partido Federalista), com o olhar voltado à imprensa de língua portuguesa da cidade. Durante o século XIX, a imprensa desempenhou um proeminente papel de palanque para debates políticos em todo o país e, portanto, constitui fonte primordial em estudos alinhados à perspectiva da História Política. Assim, é essencial estudar aspectos destes periódicos, tais como sua criação, seus editores, entidades que os mantêm, para melhor compreender os discursos em jogo nas querelas entre republicanos e federalistas nos primeiros anos da República na cidade. A revisão da literatura acerca da atuação da imprensa no decorrer do século XIX; da política nas esferas municipal, estadual/provincial e federal/geral; bem como da formação do município de Joinville na segunda metade dos oitocentos; permitiu uma contextualização histórica sólida do período e base essencial para a análise das fontes, especificamente dois jornais publicados em língua portuguesa na cidade: o “Sul”, circulante entre 1889 e 1890, e a “Gazeta de Joinville”, publicada em 1891 e reorganizada em 1893. Como resultado desta análise, observou-se a existência de dois momentos no debate político joinvilense entre 1889 e 1893. O primeiro, entre 1889 e 1890, é ideológico, prega o regime ideal para os republicanos locais, conforme o modelo republicano liberal americano, federativo e representativo. Já segundo, entre 1890 e 1893, é um debate fruto das especificidades políticas locais, das clivagens partidárias no município (e no estado), na rivalidade entre republicanos e federalistas e a aliança dos últimos com o partido “Fortschritt”, uma associação étnica germânica emergente à época, desconhecida, porém, em sua esfera de militância eleitoral.

Palavras Chaves: Imprensa, Política, República.

 

6. Dandara de Oliveira

A CAMPANHA PRESIDENCIAL DE 1950 EM SANTA CATARINA: O LEGADO TRABALHISTA E A SOMBRA DO ESTADO NOVO NOS DISCURSOS DO CANDIDATO GETÚLIO VARGAS.

Resumo:

O presente estudo tem como objetivo compreender como as políticas sociais trabalhistas (Consolidação das Leis do Trabalho – CLT) e a ditadura do Estado Novo foram agenciadas dentro da campanha para Presidente da República do candidato Getúlio Dornelles Vargas, em 1950. A campanha eleitoral durou cinquenta e três dias, começando em nove de agosto, em Porto Alegre, e terminando em trinta de setembro em São Borja, cidade natal do candidato. Durante este período foram proferidos setenta e nove discursos em cinquenta e quatros munícipios espalhados por todas as cinco regiões da federação. Para este artigo foram selecionados os três discursos pronunciados em Santa Catarina em dezenove de setembro, nas cidades de Joinville, Itajaí e Florianópolis. A votação ocorreu em três de outubro e o resultado foi à tradução da força política personalista de Getúlio Vargas, que venceu em dezessete dos vinte e quatro estados, incluindo Santa Catarina. Além da análise sobre a utilização do legado trabalhista nos discursos em geral, será contemplado questões especificas aos catarinenses, como a utilização, no discurso de Vargas, de uma narrativa histórica hegemônica sobre os imigrantes, o progresso industrial baseado na tríplice carvão, petróleo e energia elétrica, e os benefícios que o estado de Santa Catarina recebeu durante a gestão anterior do “Pai dos pobres”, assim como o posicionamento e a influencia política de Getúlio nas eleições estaduais no período, marcada por uma disputa de fortes grupos políticos de Lages e do Vale do Itajaí.

Palavras Chaves: Getúlio Vargas, Eleição, Discursos.

 

7. Jéssica Duarte de Souza

PROTAGONISMO NEGRO: os diferentes sujeitos da classe operária em Florianópolis na Primeira República

Resumo:

A entrada do século XX foi marcada pelas intensas transformações da sociedade brasileira nos cenários político e econômico. Esse é um contexto significativo de mudanças, como o pós abolição, implantação da República, expansão capitalista, surgimento de industrias, reformas urbanas e grande discussão na esfera trabalhista. A pequena Florianópolis, capital do estado catarinense, também foi palco dessas modificações. Florianópolis, assim como diversas cidades brasileiras, passava por um processo de "civilização" e urbanização que repercutiram no meio econômico. Tendo sua economia bastante pautada no comércio, a criação de fábricas como as da Cia Hoepcke inserem uma dinâmica econômica diferente, bem como ampliação do mercado de trabalho ilhéu. Carl Hoepcke foi um imigrante alemão com bastante importância no quadro econômico de Santa Catarina, sendo um pioneiro fabril na capital do estado.  Hoepcke cria as fábricas de Pontas em 1896 e a de Rendas e Bordados em 1913, ambas no centro da cidade. Com essa iniciativa impulsiona um novo mercado de trabalho local e com ele, uma classe operária. Nesse sentido, partindo da análise de um livro de registro de funcionários das fábricas de Pontas e Rendas e Bordados, constituído em torno da década de 1920, esse trabalho pretende analisar os diferentes sujeitos da classe operária em Florianópolis durante a Primeira República. Verificando o dinamismo desses trabalhadores, como diferentes nacionalidades, a presença de mulheres e, sobretudo, um olhar direcionado para a inserção da população negra nesse mercado de trabalho, e a compreensão de que mercado de trabalho era esse. Para isso, será investigado o panorama do mercado de trabalho de Florianópolis e sua relação com a economia estadual, considerando as especificidades no universo econômico e laboral da ilha. 

Palavras Chaves: Classe operária, Economia, Florianópolis.

 

8. Michel Honório da Silva

(I)MIGRANTES NORDESTINOS EM POMERODE(SC): CONHECENDO-OS UM POUCO MAIS.

Resumo:

O presente trabalho visa apresentar um levantamento inicial a respeito da realidade cotidiana de migrantes nordestinos estabelecidos em Pomerode. Desta forma, estaremos apontando os resultados observados através de análises realizadas no decorrer do estudo destacado, objetivando indicar localidades do município com maior concentração destes grupos e possíveis redes sociais migratórias que estão se estabelecendo em certas áreas de Pomerode. Deve-se mencionar também que o trabalho está, de certa forma, atento aos discursos xenofóbicos e preconceituosos contra “o grupo” migratório mencionado, ou mesmo, contra outros grupos migratórios, mesmo não sendo vinculados aos nordestinos. A base documental desta pesquisa é formada por fontes de jornais do município, entrevistas realizadas com determinados migrantes, além de levantamentos quantitativos – demográficos – obtidos por meio de estimativas formais da Prefeitura Municipal de Pomerode. Através desta pesquisa, indicaremos uma noção geral de questionamentos sobre problemáticas a serem exploradas dentro do debate dos fluxos migratórios em Pomerode, a partir de dados iniciais obtidos neste trabalho.

Palavras Chaves: Migração; Pomerode; Redes Migratórias.

 

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